Penedo: “uma cidade tão bonita que deveria ser aqui a capital da província.”
Diz a lenda que D. Pedro II ao visitar a cidade de Penedo em 1859 ficou tão encantado que afirmou ser aquela cidade tão bonita que deveria ser a capital da província. Antes disso ,em 1637 , durante a dominação holandesa, entre as duas cidades ocupadas por Maurício de Nassau — Porto Calvo e Penedo –, foi Penedo a que mais lhe agradou, tendo permanecido ali por mais de 8 anos e de lá só saindo pela força das armas.
Da sua história rica e gloriosa, Penedo guarda belos casarões, distribuídos pela cidade alta e principalmente na baixa, muitos deles à beira do rio São Francisco, inclusive aquele que abrigou o monarca brasileiro, que conforme conta a lenda, ao seguir para o exílio em um navio chamado “Alagoas”, teria exclamado :” Por que não me levam para Penedo?”. Carlos Mero, penedense membro da Academia Alagoana de Letras (AAL), que passa parte do ano na distante Lisboa, escreve:” Nasci e me criei em Penedo. Parti mal havia cumprido a adolescência, mas eis que trouxe Penedo comigo e comigo o tenho até hoje. Não haverá de me largar nunca. Nem eu a ele. As memórias que guardo da meninez e da juventude são parte do que sou. E Penedo está sempre lá. É uma questão de amor, de dependência afetiva. Chego a acreditar que Penedo é o melhor pedaço de mim”.
Atualmente eis que Penedo às custas de investimentos na preservação de sua história e na cultura , renasce : está aberto o Solar dos Loureiros, um pequeno mas indispensável museu, reabre um cinema de rua que estava fechado há dezenas de anos, o cine Penedo e já realiza um festival de cinema. E em um esforço gigantesco para reviver seus tempos gloriosos, quando entre outros astros nacionais e internacionais, como a Companhia do Teatro de Milão ali se apresentavam, reforma o magnífico teatro do hotel São Francisco, com um festival de música que trouxe grandes astros nacionais. Vera Romariz, uma das suas filhas que enriquecem a AAL, escreve; “ Penedo: nas veias de teu sangue antigo corre um rio de homens e mulheres embebidos em poesia”.
Ali existe um imenso potencial turístico. O casario antigo, cada um com suas histórias monumentais ,as igrejas, as ruas do Centro Histórico, tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional (IHPAN). Penedo aprisiona com o seu encanto até pessoas que mesmo não tendo nascido, algum tempo ali viveram, como a profícua imortal da AAL Heloísa Moraes, que escreve:“ Penedo para mim, tem cheiro de infância e adolescência. É saudade de um tempo de descobertas, das felicidades simples, família, primeiras amizades; Não nasci em Penedo, mas ele me adotou, ou eu o adotei como cidade do coração”.
Foi assim que aquele pequeno grupo de amigos que compartilhou uma república de estudantes há 50 anos em Recife se sentiu ao ser recebido e acolhido pelos diletos filhos de Penedo Ronaldo Lopes, Eduardo Regueira e suas famílias. O catamarã navegando na noite de sexta-feira com música ao vivo, o passeio de barco no sábado de ensolarado dia ;com os pitus cozidos, as ostras frescas, as pilombetas fritas, o jacaré ensopado, a cerveja geladinha e o refrescante banho de rio próximo ao banco de areia surgido no meio do leito do Velho Chico. Depois e ainda, as embevecedoras serestas. Que Penedo continue o seu renascimento e acolha os seus visitantes com o mesmo carinho e amor que acolheu aquele pequeno grupo de velhos amigos, algo tão difícil de encontrar em outros lugares desse velho mundo sem porteiras.
E para não faltar nada, Penedo ainda tem o bloco de Carnaval mais animado e vibrante do Rio São Francisco, o Ovo da Madrugada , que leva para as ruas da cidade uma multidão de foliões de todos os cantos do Estado e de outros lugares do país. Salve Penedo!