Festa do Glorioso Senhor Bom Jesus dos Navegantes de Penedo: 140 anos de Fé, Tradição, Alegria e Paz.

No Brasil, a celebração ao Senhor dos Navegantes, foi introduzida em 1808 (Província da Bahia) pelos Portugueses Católicos, com a chegada da Família Real ao Brasil.

Em Alagoas, na bela e histórica Cidade de Penedo, a Festa do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, surgiu em janeiro de 1884 (relatos de historiadores penedenses), com a relização de primeira Procissão, cuja imagem carregada no evento era o CRISTO AGONIZANTE ou CRISTO CRUCIFICADO, pertencente a Ordem Terceira de São Francisco, da Igreja Conventual de Santa Maria dos Anjos, portanto, há mais de um século.

Até janeiro de 1914, a festa tinha como ponto central a Igreja Conventual de Santa Maria dos dos Anjos. Do citado Templo a Imagem de CRISTO AGONIZANTE, da Ordem Terceira de São Francisco, saía em procissão em direção ao Rio São Francisco “o Velho Chico”. Após a procissão fluvial, a Cidade de Penedo (AL) brilhava com as apresentações das expressões culturais do Baixo São Francisco. Ocorre que naquele ano (1914), ao final da procissão o Superior (Frei) do Convento Franciscano de Santa Maria dos Anjos, por motivos não muito bem esclarecidos, decidiu e informou a população que aquela, seria a última festa em que a imagem de CRISTO AGONIZANTE teria sido utilizada em procissão, representando o Sr. Bom Jesus dos Navegantes..

Tudo indica que a proibição tenha sido por não se tratar apenas de uma programação para um Culto Religioso, pois durante as festividades o surgimento do profano (Show, danças, mesa de aposta, etc) tenha incomodado os religiosos, isso porque os fiéis e não-fiéis aproveitavam o momento para se divertirem com jogos e danças. Na época, uma condição foi imposta: “Para normalização do evento era necessário que fosse retirada toda ou qualquer expressão profana”. O que não foi aceito !

Na ocasião houve um desentendimento entre o Frei e o cidadão ANTONIO JOSÉ DOS SANTOS, conhecido por ANTÔNIO (TONHO) PEIXE-BOI (representante da comunidade), mas nada impediu a continuidade daquela festa. Na primeira oportunidade, ANTÔNIO PEIXE-BOI solicitou ao exímio escultor de “Santos e Anjos”, o Mestre CESÁRIO PROCÓPIO DOS MÁRTYRES (*26/02/1884 a +06/01/1956) que esculpisse uma Imagem do Senhor Bom Jesus dos Navegantes. Então, o Mestre CESÁRIO aceito mais um desafio e, concluiu com êxito a belíssima e gloriosa imagem, a qual foi colocada no interior da Igreja da Santa Cruz do Cortume.

     No dia 11 de janeiro de 1915, a imagem esculpida pelo Mestre CESÁRIO saiu em procissão pela primeira vez e, milagrosamente essa imagem continua arrastando o povo ribeirinho para as procissões. Na região existem outras Imagens do Senhor do Bom Jesus dos Navegantes, mas são todas réplicas da imagem feita pelo Mestre CESÁRIO, em Penedo/AL.

         O ponto alto dos festejos é no “segundo domingo de janeiro”, porém o evento tem início três dias em que antecedem as comemorações finais, agora com a inserção do “Grande Festival de Tradições Populares”. O qual é sempre propalado, uma espécie de difusor da cultura viva, da sensibilidade ao reconhecimento do patrimônio local. Reaparece como um sinal de demarcação do imaginário popular e faz despertar o processo educativo da comunidade. Uma festa genuinamente folclórica, rica de cultura, religião, turismo, esporte, lazer e cidadania.

          No domingo, após ser retirada da Igreja da Santa Cruz do Cortume, a Imagem do Senhor Bom Jesus dos Navegantes é conduzida em Procissão Terrestre por algumas ruas do bairro e em seguida em Procissão Fluvial, percorrendo alguns dos municípios ribeirinhos acompanhada por embarcações (Canoas, Lanchas, Catamarã, Jet Ski, etc). Apesar de ser uma festa católica, desde as suas origens mesclas “Profano” e “Sagradas”. Atualmente conta com a apresentação de Grupos Folclóricos, Corais e Bandas de Pífano, Shows Musicais e Atividades Esportivas, além de uma belíssima “Queima de Fogos”.

       Penedo, berço da Cultura Alagoana, às margens do Rio São Francisco, impressiona a todos pelo seu rico Patrimônio Histórico-Cultural, traz consigo a mais tradicional expressão da cultura religiosa de Alagoas, representada pela Festa do Senhor Bom Jesus dos Navegantes; no momento, a única representação cultural forte que restou do tempo áureo da Cidade de Penedo/AL. É público e notório, que atualmente a falta de pertencimento cultural, seja reflexo da inserção do capitalismo em nossa sociedade, o qual importou novos valores. Então, é certo afirmar que no Baixo São Francisco, Penedo foi a primeira cidade a executar com grande prestígio as comemorações ao “Padroeiro dos Navegantes”.

         Saudades !!! é o que Penedo sente ao lembrar das 8 (oito) edições do grande Festival do Cinema Brasileiro de Penedo (1º Festival: De 9 à 12/01/1975); das grandes apresentações teatrais; dos eventos músicas e poesias recitadas no coreto e nas suas esquinas enladeiradas; da manutenção das suas igrejas, conventos e palacetes do século XVII e XVIII, realizados com muita morosidade, bem como do retorno do apelo religioso e da diminuição do apelo econômico e midiático tão oculto na Festa do nosso glorioso “Bom Jesus dos Navegantes.”

             Parabéns… Penedo, pelos 140 anos de Festejos alusivos ao Glorioso Bom Jesus dos Navegantes .

Por redação C/ SIPEAL /Penedo