1° Fórum Afro-brasileiro Musical Velho Chico é realizado no Festival de Música de Penedo com debates sobre a vivência negra

Objetivo do encontro foi discutir vivências negras e indígenas em território brasileiro e fora do país, as políticas públicas e temáticas que envolvem arte e religião

O Festival de Música de Penedo realizou, neste sábado (22), o 1º Fórum Afro-brasileiro Musical do Velho Chico, no Teatro Sete de Setembro. O evento reuniu integrantes de religiões de matriz africana, palestrantes que fazem pesquisa na área e pessoas que se interessam pelo assunto. O objetivo do fórum foi discutir vivências negras e indígenas em território brasileiro e fora do país, as políticas públicas voltadas para essas populações, especialmente na música, e temáticas que envolvem a arte e a religião.

O fórum começou com uma introdução acompanhada de um canto ancestral. Em seguida, foram convidados para mesa-redonda o professor de percussão, Jair Mendes e o líder do grupo Afro Abí Axé Egbé, campus Sertão (Ufal), Gustavo Gomes. O grupo, que é de Delmiro Gouveia, também estava presente para realizar uma apresentação cultural.

A falta de atenção para a cultura negra no interior de Alagoas, a falta de apoio e da participação dos internautas em mídias sociais de pessoas negras alagoanas, a diferença da quantidade de oportunidades para pessoas negras no Brasil e Europa, escolas de samba de Alagoas, grupos culturais ainda vivos no estado, foram alguns dos assuntos debatidos no evento.

O professor Jair Mendes falou um pouco sobre as experiências como percussionista no Brasil e na França, país onde morou e trabalhou por um tempo. Ele também contou que trabalha com a percussão desde os 10 anos. Já Gustavo Gomes contou sobre suas vivências e dificuldades na universidade, criticou a pouca visibilidade que grupos culturais do interior enfrentam no estado e falou sobre suas referências negras, como os antigos mestres das agremiações e da cultura popular.

Durante sua fala no fórum, Jair Mendes enfatizou que repassar sua vivência e sua história com o candomblé é inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo, principalmente através da sua arte. “Contar a história do Candomblé, que faço parte desde criança e que muitas vezes reneguei porque tinha vergonha, me faz entender qual o meu lugar no mundo. Teve um momento que eu tive que insistir em me reconhecer e quebrar a barreira, e a partir do momento que eu aceitei tudo isso, tudo mudou na minha vida”, disse o professor.

Para Gustavo, é importante que pessoas negras ocupem espaços como o Teatro Sete de Setembro, pois historicamente esse espaço foi negado para os artistas negros.

“É importante a gente pensar que historicamente lugares como esse, para as apresentações artísticas, as pessoas eram consideradas importantes naquela época e nem sempre o povo negro e a cultura negra foram importantes para subir nesse palco. Subir nesse palco, sendo negro, é também uma conquista”, disse.

Logo depois da fala dos palestrantes, houve um momento de discussão e interação com o público. Havia cerca de 40 pessoas presentes no teatro. Algumas delas contaram suas experiências e trajetórias, como foi o caso da Diva Mesquita, penedense de 24 anos. Ela é técnica ambiental e cursa Teatro licenciatura na Ufal, em Maceió. Diva contou que o fórum a deu forças para continuar lutando pela causa.

“É muito edificante participar de um espaço de discussão desses, de mostrar a realidade, de mostrar culturas e religiosidades diferentes, para justamente debater um assunto mega importante e super atual hoje em dia: o racismo. Eu já sofri racismo na adolescência e eu também não tinha consciência social, mas foi a partir do conhecimento adquirido que consegui virar a chave para lutar por nossa bandeira hoje em dia”, relatou a estudante.

Outro participante da discussão foi Ualex Alves, que tem como apelido Barra Percussa. Ele é capoeirista e percussionista de Penedo. Para Alves, o fórum resgata algumas culturas que foram esquecidas na cidade. “É um resgate da memória cultural de nosso povo. Aqui já existiram vários grupos afros, como Afro Malê, Afro Guerrilheiros, e várias manifestações culturais que não existem mais. Apenas a capoeira vem resistindo”.

O Festival de Música de Penedo é uma realização da UFAL através do Centro de Musicologia de Penedo, em parceria com Governo do Estado de Alagoas e Prefeitura Municipal de Penedo, Patrocínio SEBRAE Parceiros: Lamus – Laboratório de Musicologia, Cesem – Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical, Confederação Musical Portuguesa, Arizon State University, Miami University, República Portuguesa, Bureau de Comunicação Comunitária, Keka Rabelo Comunicação e Agerrp-UFAL (Agência Experimental de Relações Públicas da UFAL).

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Texto escrito por Jamerson Soares e Sérvio Túlio, do projeto Bureau de Comunicação da Ufal, com a coordenação e assessoria de comunicação Keka Rabelo, coordenação geral de Manuela Callou sob orientação de GT de Comunicação com Festival de Música de Penedo e Centro de Musicologia de Penedo – Cemupe/Ufal

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