Comitê criado já deveria ter aprovado medidas em defesa da economia alagoana

Em 2018, quando as representações da indústria, da agricultura, da pecuária, do comércio e do turismo entregaram ao governador Renan Filho a Agenda do Setor Produtivo, um detalhe curioso passou, com discrição, pela lupa dos analistas: o espantoso número de 184 propostas formuladas.

A enorme demanda de pendências reprimidas virou prova cabal da inação, da falta de ações governamentais para dinamizar a economia, com geração de empregos e novas oportunidades.

Lá se foi o quinto ano de governo, e Alagoas chega aos tempos de pandemia ostentando graves indicadores sociais. Basta citar o IBGE, que aferiu 17,2% da população do Estado em situação de pobreza extrema.

Se, até então o cenário estava ruim, tende a piorar pelo drama do momento. Após insistentes cobranças, o governador resolveu decretar a criação do Comitê de Gerenciamento de Impactos Econômicos da Crise da Covid-19, há quase um mês.

Presidido pelo secretário da Fazenda, o Comitê deveria elencar medidas governamentais para atenuar os efeitos maléficos à economia, advindos do combate ao novo Coronavírus. Seus componentes, que são representantes de diversas instituições, não escondem a irritação diante da inércia oficial e de um fórum inoperante.

Desde a instituição do Comitê, sabe quantas reuniões deliberativas já ocorreram? Nenhuma. Houve apenas um encontro remoto, quase uma “live”, bem ao modo do universo virtual do governador. Não se sabe de plano para o amanhã. É como um timoneiro conduzindo a caravela pela tempestade sem dispor de carta de navegação. A cada grito da tripulação, muda a direção do leme, que aponta para destino incerto.

Outros Estados já planejam e tomam medidas mais concretas, visando atenuar a vida de quem produz, principalmente das pequenas empresas, do comércio e de serviços, que absorvem milhares de postos de trabalho.

Por aqui, há rumo indefinido e silêncio sobre o destino de certos recursos. É o caso da suspensão do pagamento mensal à União de quase R$ 40 milhões do serviço da dívida pública do Estado. O governador precisa dizer onde está aplicando a grana, além do que tenciona fazer com o bilionário empréstimo, já em fase de captação.

E, agora, com o decreto de estado de calamidade, as compras não serão licitadas, o que exige máxima fiscalização de quem tem obrigação institucional para fazê-lo. É hora de Renan Filho responder aos desafios, com humildade, austeridade, transparência e muito trabalho. Do contrário, entra para a história miniaturizado pela ineficiência frente à crise.

GazetaWeb

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