Para quem não conhece veja um pouco da história de Bom Jesus dos Navegantes de Penedo

Pedindo licença sobrenatural ao poeta Fernando Pessoa (ele mesmo era extremamente metafísico, contrariando alguns de seus heterônimos), no Nordeste brasileiro poderíamos tomar emprestada a frase “navegar é preciso, viver não é preciso”, para acrescentar que é preciso navegar, é preciso pescar e é preciso agradecer aos céus a boa pesca. Há mais de um século, no início de janeiro, os municípios localizados no baixo São Francisco se vestem de religiosidade para comemorar a Festa de Bom Jesus dos Navegantes. Em Alagoas, é no segundo domingo do mês que abre o ano, na bela e histórica cidade de Penedo que acontece o ponto alto da comemoração. Após ser retirada da Igreja de Santa Cruz, a imagem de Bom Jesus dos Navegantes é levada em uma procissão terrestre e fluvial, percorrendo alguns dos municípios riberinhos em mais de 20 embarcações. Apesar de ser uma festa católica, desde as suas origens mescla profano e sagrado. Hoje conta com a apresentação de grupos folclóricos, corais e bandas, atividades esportivas e shows musicais, além de uma bela queima de fogos.


Explicando um pouco a história: até 1914, a procissão saía da Igreja e do Convento de Nossa Senhora dos Anjos, em Penedo, com a imagem de Cristo Agonizante, mas foi proibida exatamente por não se tratar apenas de um culto religioso, e os fiéis e não-fiéis também aproveitavam o momento para divertir-se com jogos e danças. A proibição não impediu a continuidade da festa: Antônio José dos Santos, conhecido como Antônio Peixe-Boi, solicitou ao escultor de santos e anjos da cidade, Cesáryo Martires, que esculpisse a imagem de Bom Jesus dos Navegantes. E então, desde 1915, é ela que arrasta o povo para as procissões. 

TEXTO TATI MAGALHÃES-MACEIÓ-AL
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