Exclusivo: ouça depoimento da adolescente suspeita de ajudar a matar a própria mãe
O TNH1 obteve com exclusividade o depoimento da adolescente de 13 anos, suspeita de envolvimento na morte da própria mãe, a garçonete Flávia dos Santos Carneiro, 43, que foi encontrada morta dentro de uma geladeira, na manhã da terça-feira, 5, em uma área de mata, em Guaxuma, no litoral norte de Maceió. À Polícia Civil de Alagoas, ela afirmou (ouça no final da matéria) que estava em casa no momento em que a mãe foi morta a facadas pelo namorado da adolescente, identificado como Leandro dos Santos Araújo, 23.
A menina contou que chegou a utilizar o aparelho celular da mãe para se passar por Flávia e responder mensagens de aplicativo enquanto o corpo estava armazenado por pelo menos quatro dias dentro de uma geladeira, na casa onde ocorreu o crime, no Jacintinho, na capital alagoana, na noite da sexta-feira, 1º de março.
A adolescente está apreendida e depôs na condição de adolescente infrator por ato infracional análogo ao crime investigado. Leandro e o pai dele, de 47 anos, foram presos ainda durante a terça-feira, 5, e tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça após audiência de custódia nesta quarta-feira, 6. O namorado da adolescente confessou que matou a sogra, enquanto o pai dele participou da ocultação do cadáver.
Confira os trechos do depoimento:
Briga em casa – A menina disse ao delegado Thiago Prado, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que a mãe chegou mais cedo do trabalho na sexta-feira, 1º, e encontrou o genro em casa com a filha.
Adolescente: “Na noite da sexta-feira, eu estava em casa, cheguei da escola, meu namorado estava lá, arrumando as coisas lá em casa. Por volta das 20h, ela chegou em casa, só que nesse dia ela falou que ia chegar tarde, por volta das 22h. Quando ela chegou, ela surtou em casa, foi no armário, pegou uma faca e foi para cima dele. Nisso que ela foi para cima dele, a mão dele cortou, abriu aqui no dedo, ele empurrou ela e ela caiu desacordada. Ele pegou a faca e [inaudível]”.
Adolescente: “Eu saí de perto para não ver”. (Delegado: Não participou?) “Não”. (Delegado: Tem certeza?) “[Balança a cabeça positivamente]”. (Delegado: Você chamou a polícia logo após?) “Não”. (Delegado: Quem estava dentro da casa? Você, o Leandro e a sua mãe?) “[Adolescente balança a cabeça positivamente]”.
Delegado: Porque ela surtou? “Porque ela já tinha falado que a gente podia namorar, só que ela não queria vê-lo em casa quando ela estivesse. (Delegado: Por quê?) Porque eles dois brigaram. [Inaudível] […] ele saiu para um bloco de Carnaval, eu tinha ficado em casa, não queria ir. Quando ela chegou, a gente saiu para um barzinho, ele [namorado] chegou lá e os dois brigaram”.
O delegado então pergunta se o namorado da adolescente tinha envolvimento com algum tipo de coisa errada. Ao que a menina respondeu ‘não’.
Delegado: Ele era usuário de maconha, crack ou cocaína? “Maconha”. (Delegado: Você também?) “Não”. (Delegado: Nunca fumou com ele? Tem certeza?) “Não”. (Delegado: Já bebeu com ele?) “Não”. (Delegado: Teve relação sexual com ele?) “Sim”.
A garota também afirmou que o jovem sabia que ela tinha menos de 14 anos. Em seguida, a adolescente continua contando detalhes sobre a briga dentro de casa. Segundo ela, após a mãe cair desacordada, o jovem a matou com facadas.
Adolescente: “[Ela] Caiu com as costas no chão”. (Delegado: Ela não foi atacada por trás?) “[A menina responde negativamente, mas o som é inaudível]”. (Delegado: Você chegou a dar algum golpe de faca nela?) “Não”. (Delegado: Após o fato da sua mãe ficar desacordada, sem vida, qual foi sua atitude?) “Eu limpei o sangue. O corpo, ele [namorado] pegou e enrolou em um lençol”.
A garota disse que o namorado e o sogro teriam colocado o corpo de Flávia na geladeira e que o casal nos dias seguintes se mudou para o endereço no Benedito Bentes.
Adolescente: “A geladeira ficou na outra casa. A geladeira ficou lá até hoje (terça-feira, 5 de março). Eles dois e o cara do frete foram buscar”.
Delegado: Qual seu sentimento em relação a tudo isso que aconteceu?) “Estou me sentindo mal, tinha um futuro pela frente e destruí tudo isso”.
O agente insistiu para saber qual seria o motivo da morte de Flávia, se poderia ser pelo fato dela não aceitar o relacionamento da filha adolescente com um adulto.
Adolescente: “Ela aceitava. Ela não queria vê-lo fisicamente na frente dela. Por conta da briga”. (Delegado: Do Carnaval?) “Sim”. (Delegado: Apenas isso?) “Acho que sim”, respondeu a menina.
Delegado: Em momento nenhum passou pela sua cabeça chamar a polícia?): “[Menina balança a cabeça negativamente]”.
Delegado: As pessoas perguntaram pela sua mãe de sexta-feira para cá?) “Algumas pessoas falaram com ela. (Delegado: Você respondia o que?) “Como se fosse ela”. (Delegado: No celular dela, você se passou por ela?) “Sim”. (Delegado: E no trabalho, você mandou mensagem falando que não ia?) “Sim, mandei, falando que tinha [inaudível]”. (Delegado: Questões médicas?) “[Menina balança a cabeça afirmando positivamente]”.
Fonte TNH1