Crônica do mês por: André F. Santos.

TATO, MANO-A-MANO, OLHO NO OLHO.

Foi-se o dia em que o Loteamento Pinheiro sorria com seus moradores quando se reuniam aos finais de semana nas calçadas mais atrativas ou em uma das esquinas das três travessas (os banquinhos da Dona Isaura, esquina do Marco, Casa do julinho).

A comunicação das “reuniões” vinha da rua central, geralmente da casa mais ao final (a de seu Barbosa), na pessoa de uma das mais gaiatas personagens reais da rua, o Nem.

Passava ele subindo e cumprimentando os moradores, e sua voz era reconhecida por seus colegas, que logo saiam de suas casa para programar o feito do dia. Assim era o código do chamamento daqueles que residiam no 2° terço da rua 2 (entre a casa de Dona Sônia e a casa do Gilberto)

Quando não era o Nem, era ou o Galego, ou o Paulo do Gilberto, ou o Aldo, ou o Marcelo, ou o Cristiano, ou o Daíto, ou o Já, ou eu mesmo, que era um dos mais empolgados.

Os finais de semana, especialmente as sextas e os sábados, eram sagrados e muito aguardados.

Juntados uns 3 ou 4 moleques traquinos, subiam até as esquinas, ou ficavam por ali, nas imediações da calçada da Rosa Helena.

Ali os inventos de diversão apareciam. Às vezes uma roda na piaba (ou piaba na roda), outras vezes bimbarra… garrafão … cuscuz … bater lata … ximbra… pião etc., dependia muito do horário, e a diversão se estendia até o horário da refeição, ou até o horário de dormir.

As conversas eram no tato, no mano-a-mano, olho no olho, tudo como manda a ausência da psicologia programada.

Eram tempos de ouro. Existiam as intrigas diárias, como na vida de qualquer criança, mas nunca vencia o rancor sobre perdão nos corações dos inocentes.

Hoje tudo é diferente. O mundo virtual sufocou o espaço pueril da “faculdade” (como era chamado o Lot Pinheiro por outras pessoas) e, praticamente sepultou as tradições da comunidade.

A realidade agora é outra.

De quando em vez acompanho, também, as redes sociais, especialmente o whatsapp, e vejo um aglomerado de colegas conversando, marcando esncontros para festejar um aniversário, ou assistir a um jogo, enfim, penso que a reunião juntará muitos colegas, e na empolgação me candidato a um participante.

Chega o dia, aí vem a decepção: quase ninguém aparece.

Concluo então no sentido de que vejo a mudança do tal chamamento, referido inicialmente, que passou do mundo real para a realidade virtual.

Acabou-se o tato, o olho no olho, o mano-a-mano. É o fim! O fim da molecagem sadia e o inicio do sepulcro da saudade, que se traduz pelo “preço que se paga por viver momentos inesquecíveis”.

Quem virou robô, nunca terá esse sentimento.

Saudade…

 

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