Celebração do dia dos fiéis defuntos

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

 

“Tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo” (Jo 11,27).

 

Celebramos, no dia 2 de novembro, o Dia de Finados ou comemoração de todos os fiéis defuntos. Esse dia não deve ser um dia de tristeza, mas sim de saudade, dia de lembrarmos daqueles que passaram por nossa vida e que agora estão na eternidade ao lado de Deus.

Celebrar o Dia de Finados é celebrar a certeza na ressurreição. O próprio Jesus nos garantiu, quando Ele próprio venceu a morte, tendo dito aos discípulos, que prepararia um lugar no céu. A morte num primeiro momento nos entristece e causa dor, não queremos perder os nossos entes queridos, mas temos que entender que como tudo na natureza, nós nascemos, amadurecemos e morremos. E ainda pela fé acreditamos que essas pessoas estão descansando nos ombros do Bom Pastor.

Algumas pessoas falecem precocemente devido alguma doença, violência ou acidente, e por mais que seja difícil, somos chamados a ver com os olhos da fé esses momentos. Muitas famílias perderam seus entes queridos durante a pandemia da Covid-19. Foram momentos muito difíceis, mas que aos poucos estamos superando. Rezemos para que os entes queridos que perdemos durante a pandemia estejam ao lado de Deus.

Costuma-se celebrar a missa pelos fiéis defuntos com a missa de corpo presente, seguida das exéquias e a última encomendação, com a bênção do túmulo. Celebra-se, depois, o sétimo dia de falecimento. Muitos, felizmente, mantêm o pio costume de mandar celebrar pelos seus defuntos mensalmente e anualmente. Rezamos essas missas para que essas pessoas possam estar descansando ao lado de Deus. Normalmente, às segundas-feiras, a Igreja costuma celebrar a missa votiva pelas almas e, nesse dia, se reza por todos os fiéis falecidos.

A liturgia do dia de finados é rica em opções. Escolhemos uma delas. A primeira leitura do livro de Jó, (Jó 19, 1.23-27a). Nessa leitura, Jó nos dá a garantia da vida eterna, que após essa passagem aqui na terra viveremos eternamente ao lado de Deus. Ele gostaria que após a sua morte as suas palavras ficassem gravadas no coração daqueles que ele ama e que eles seguissem tudo aquilo que ele ensinou. Após a nossa passagem aqui na terra, ficará na memória das pessoas o bem que fizemos e o quanto fomos capazes de amar o nosso próximo.

O salmo responsorial é o 27 (26). Esse salmo diz em seu refrão: “Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver na terra dos viventes”. Não sabemos quando será o dia ou a hora que nos encontraremos com o Senhor, temos que viver a cada dia em constante vigilância e oração. Temos que nutrir no coração a certeza de que após a nossa passagem aqui na terra, nos encontraremos com o Senhor na terra dos viventes.  

A segunda leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 15,20 -24a. 25-28). Paulo diz à comunidade de Corinto que Cristo morreu como primícias, ou seja, Ele morreu primeiro para nos garantir que como Ele ressuscitou, nós também ressuscitaremos. Por um homem veio a morte e, por outro homem, vem a ressurreição dos mortos. Cristo é o novo Adão, Ele é o homem novo, por meio de Adão entrou o pecado e, consequentemente, a morte no mundo. Jesus Cristo, por meio de sua morte, vence o pecado e a morte e nos dá a garantia da vida eterna. Pertencemos a Jesus, Ele é a cabeça da Igreja e nós somos os membros, comungamos do Corpo e Sangue de Cristo todos os dias, para depois participarmos da ceia eterna no céu. Se pertencemos a Cristo, ressuscitaremos que nem Ele.  

O Evangelho pode ser o de João (Jo 11, 17-27). Retrata para nós a ressurreição de Lázaro. Jesus tinha um apreço e uma amizade grande com Lázaro e suas irmãs Marta e Maria. Certo dia, Jesus recebe a notícia da morte de Lázaro, mas como Ele estava distante, Jesus demorou para chegar e Lázaro já havia morrido há quatro dias. Betânia ficava há 3 quilômetros de distância de Jerusalém. Muitas pessoas haviam ido à casa de Marta e Maria para se despedir de Lázaro.  

Quando Marta soube que Jesus havia chegado, foi ao seu encontro. Maria ficou sentada em casa. Marta disse a Jesus que se ele tivesse chegado antes, seu irmão não teria morrido. Ela ainda diz que sabe que o que Ele pedir a Deus, Deus concederá a Ele. Ou seja, ela acreditava que se Jesus pedisse que seu irmão ressuscitasse, ele ressuscitaria. Jesus diz a Marta: “Seu irmão ressuscitará” (Jo 11,23).  

Marta acreditava na ressurreição, mas somente a ressurreição final, ao final dos tempos. Jesus diz a ela que Ele é a ressurreição e a vida, e que ninguém vai ao Pai senão por Ele e quem crê nele, mesmo que morra, viverá. Jesus ainda diz que quem crê N’Ele, não morrerá jamaisEla acredita nessas palavras de Jesus e afirma através de uma bela profissão de fé: “Tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo” (Jo 11,27).  

Que possamos afirmar como Marta e acreditar que Jesus é a ressurreição e a vida, o filho de Deus que devia vir ao mundo. Que possamos crer que nossos irmãos que morreram, continuam vivos, intercedendo por nós ao lado de Deus. Conforme rezamos em nossa profissão de fé: “Creio na ressurreição da carne, creio na vida eterna”. Amém.  

Recomendo, vivamente, que os fiéis procurem as suas paróquias para incluírem a intenção de seus fiéis falecidos nas missas do dia 2 de novembro. Em nossa Arquidiocese, haverá missas em vários horários em todos os cemitérios. Também, neste momento, poderá ser colocado o nome dos fiéis defuntos. Que os fiéis defuntos, pela misericórdia de Deus, descansem em paz. Amém! 

 Fonte CNBB

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