Mudança histórica: principal marqueteiro da eleição 2024 é a Inteligência Artificial

Os candidatos estão proibidos de usar a inteligência artificial para produzir conteúdos que falseiam a realidade. Por exemplo: mostrar imagens em que um aspirante ao cargo de prefeito aparece nos braços do povo é ilegal – se esse “povo” só existir pelo truque da IA. Já escrevi sobre o tema em texto anterior. A restrição da espetacular ferramenta tecnológica faz parte das regras do TSE para 2024. O uso legal está liberado.

Essa nova forma de produção de texto, som e imagem está disseminada em todos os setores profissionais. O recurso entrou na rotina do setor privado e também no aparato público de Estado. Ao que parece, não há mais um projeto sequer, sobre qualquer área, que não tenha o braço armado da criação virtual e simulada. Outro dia um especialista disse que a tecnologia “pode dar dicas e aprimorar escolhas”. Parece algo inofensivo.

No último sábado 20/07, o Jornal Nacional mostrou a experiência de uma escola pública do ensino médio que adotou a IA para ajudar alunos a escrever uma redação. Este é um caso que mereceria um capítulo à parte. Foi esquisito ver que durante a reportagem não se falou em livros e leitura como base para aprender a escrever com alguma sustança verbal. Um auxílio técnico não pode ser o parâmetro definitivo. Como ter equilíbrio?

De volta ao subcampo eleitoral. Enquanto batuco estas linhas, sei que em grandes redações de marketing e publicidade as máquinas “pensam” sem parar. Pensam e logo vão criar artigos, textos, discursos e slogans para candidatas e candidatos. É a maior novidade na disputa deste ano. A eleição 2024 inaugura uma nova forma de criação de produtos eleitorais. A disputa de 2022 foi a última de uma era que ficou para trás.

Preste atenção no que os candidatos vão falar nos palanques e, principalmente, no que vai aparecer nas telas. Aquelas frases de efeito ditas com “naturalidade” por almas “espontâneas” são fabricadas no cálculo frio da IA. É inevitável, um caminho sem volta, um apelo que ninguém resiste. Não se trata de escolher. As candidaturas simplesmente não têm escolha. A propaganda mudou para sempre, inclusive a marquetagem eleitoral.

Não conheço a rotina de agências publicitárias de ponta em Alagoas, incluindo aí produtoras de audiovisual. Mas é certo que a turma que atua nesses ambientes mudou métodos de criação e avaliação. Tudo passa pelo crivo da IA. “Redatores” e “diretores de criação” passaram a compartilhar suas sacadas com um parceiro anônimo – que não assina as peças e nem recebe troféu pelas campanhas premiadas.

Veremos a plenitude desta parceria entre as poéticas do homem e da máquina quando a campanha deslanchar oficialmente. O resultado estará nos panfletos (físicos e virtuais) e no horário eleitoral no rádio e na TV. Estou curioso para conferir essa parada.

Fonte cadaminuto C/  blog Célio Gomes

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