‘Reajuste é muito acima da inflação’, diz o Sindicato dos Urbanitários

Tarifa fica mais cara a partir de dezembro em Maceió e região metropolitana; população reclama

O Sindicato dos Urbanitários de Alagoas considera o reajuste da tarifa de água e esgoto em Maceió e cidades da Região Metropolitana, que começa a valer a partir do dia 8 de dezembro, muito acima da inflação. Segundo a presidente dos Urbanitários de Alagoas, Dafne Orion, a população é quem sofre com os valores cobrados. O aumento foi de 8,79, e a inflação 4,91.

“O reajuste é muito acima da inflação porque a empresa privada hoje nesse país representa, na verdade, bancos. São banqueiros que estão se apropriando dos serviços públicos e o banco privado tem uma lógica muito peculiar, que é a do lucro sobre lucro. Então, não basta só lucrar, têm que ser lucros excessivos e ainda há, além do aumento da tarifa, do impacto na população que foi sentido, não só quando aconteceu a privatização aqui na região metropolitana, mas hoje em todo o estado, toda a parte comercial do saneamento é privatizado, o impacto se deu logo no início com o reajuste interno dos serviços prestados, antes mesmo do reajuste tarifário, tem o reajuste da tabela também de serviço que as empresas prestam”, afirma.

Como exemplo, Dafne Orion, cita o preço de uma ligação de água. “Uma ligação de água saiu de aproximadamente 200 reais para 1200 reais. Parcelada em 10 vezes, você tem aí quase um ano o consumidor que ganha, por exemplo, pouco mais de um salário mínimo pagando, se ele dividir em 10 vezes, 120 reais da taxa de ligação de água mais o valor da água que ele consome, que isso representa quase o dobro, é o dobro da taxa mínima, que uma casa de pequeno porte consome. Então, vai passar quase um ano pagando mais que o dobro, devido ao preço altíssimo da ligação de água. Hoje, a população sofre e sofre bastante porque entrou nessa lógica do lucro sobre o lucro”, lamenta.

A presidente dos Urbanitários ressalta a importância do olhar social nos serviços essenciais à população. “A gente precisa urgentemente pensar como acontecem as privatizações nesse país. A última, inclusive, que desencadeou na Casal, aqui em Alagoas, que foi a do setor de saneamento, com a venda de toda a parte comercial da empresa, e na ocasião todo o debate que nós fazíamos era em torno disso, que não há como mudar a gestão de pública para privada e dizer que o serviço que é tão importante e essencial, como é o serviço de água, vai continuar com o mesmo olhar social. E agora nós temos uma preocupação ainda maior porque um serviço como o de prestação de água tem que ter um olhar social muito forte, a mão do estado tem que ser muito forte, porque ninguém vive sem água e em um estado como o nosso, com uma população em sua grande maioria com a renda baixa, não podemos transformar água em mercadoria”, destaca.

Segundo Orion, os serviços essenciais precisam ter a mão forte do Estado para poder atender, sobretudo, a população mais carente. “E a lógica da privatização no Brasil é muito cruel porque as empresas, que já são privadas da área comercial agora, captam investimento por meio de bancos públicos. A BRK e outras empresas vão buscar recursos no Banco do Nordeste, por exemplo. Dinheiro público. Qual é a lógica? As empresas públicas não podem, por meio dos bancos públicos captar investimentos, mas as privadas podem? Elas não só podem captar recursos dos bancos públicos como isso não impede de os reajustes tarifários serem exorbitantes como esse agora que estamos vendo”, afirma.

Consumidores reclamam dos valores das tarifas

Consumidores da Região Metropolitana de Maceió reprovam o reajuste da tarifa de água e esgoto. Para muitos, o valor cobrado atualmente já é abusivo. “O preço não é justo. Quando era a Casal, pagávamos R$ 80, R$ 100 no máximo. Hoje, pagamos quase R$ 200. E sempre procuramos controlar o consumo na hora de lavar os pratos, tomar banho, fazer tudo. Esse aumento que vai ter é um absurdo”, afirmou a técnica de enfermagem Fernanda da Silva.

A comerciante Dora Alice dos Santos também reclama do valor atual e está com medo do reajuste. “Pago entre R$ 150 e R$ 170. Acho caro porque não gastamos tanta água assim. Lembro que, antes da BRK, era bem mais barato. Para quem ganha o salário mínimo, pagar quase R$ 200 de água, é muito dinheiro. E com o reajuste é que vai aumentar mesmo”, disse.

Para o aposentado José Filho, o reajuste é pesado para quem é assalariado. “Só mora eu e meu filho e pago R$ 100. Somente duas pessoas. Antes, eu não pagava nem R$ 50. O valor dobrou. É um absurdo esse novo aumento. As coisas só aumentam e vai ficando difícil de pagar todas as contas”, afirmou.

Fonte Tribuna Hoje

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