Um guardião da história: 22 mil livros e um memorial para Alagoas em nome da cultura
10 de setembro de 2023
Juiz e historiador Claudemiro Avelino resgata 300 anos de história do Judiciário alagoano e revela ainda, com exclusividade, documentos raros de sua coleção, como as intimações feitas a Virgulino Ferreira, o Lampião
O local é um oásis para quem gosta de leitura, de livros. Essa é a impressão que o visitante ou interlocutor tem da casa, ao perder de vista o acervo do juiz, historiador e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas Claudemiro Avelino.
No local da entrevista, o magistrado pega e folheia um livro sobre uma figura a quem Avelino atribui como um dos mais importantes juristas brasileiros, o alagoano Pontes de Miranda. Em seguida, folheia outro alagoano. É Graciliano Ramos. Ao todo, juntando toda a coletânea de livros e títulos na extensa biblioteca que toma toda a sala, a área externa, e ainda alguns guardados em outra casa de sua propriedade, o magistrado diz ter cerca de 22 mil livros devidamente catalogados desde que começou a ler e guardá-los com zelo.
E como não poderia deixar de ser, um amante de livros teria que ter os seus próprios escritos. Avelino revela que tem quatro livros no prelo: um sobre Lampião, a cronologia; a história das Comarcas de Alagoas em três volumes, a sua menina dos olhos, fruto de uma pesquisa que já faz há mais de 15 anos. Outro que deve ser lançado é sobre Alvarás Régios, e outro sobre poesias. “Desde menino sempre gostei muito de escrever, inclusive poesias”, conta o magistrado.
De quebra, em meio ao acervo, ainda mostra à reportagem relíquias de sua coleção, como tinteiro, onde era usado como recipiente de tinta para a pessoa que escrevia que mergulhado seu bico de pena no tinteiro, além de uma pena, mata-borrão, e livros em miniaturas.
Também pudera. Com tanta disposição para potencializar a cultura, Avelino, além das raízes intimamente ligadas à leitura, o magistrado já está há 26 anos na Comarca de Penedo e lá era um habituê de leituras, onde ‘bebia’ na fonte da cultura penedense, praticamente às margens do Rio São Francisco e conheceu muito bem a figura de Francisco Alberto Sales, o criador da Casa do Penedo — o mais completo acervo e considerada a guardiã das tradições, das riquezas e herança cultural do Baixo São Francisco. Lá, se mantém um patrimônio bibliográfico, iconográfico e cartográfico, somados a preciosos objetos de arte que simbolizam a cultura e a tradição de sua população.