Bagagem colonial
BAGAGEM COLONIAL
Poema de: MARIA NÚBIA DE OLIVEIRA
Se um dia eu saísse de Penedo
Na certeza de que jamais retornaria
Levaria um pedaço do rochedo
Que está a posto, em frente ao rio na escadaria
Levaria do Convento aquele teto
Que não tem começo, nem fim
Tanto faz estar longe ou muito perto
O pintor me confunde mesmo assim
Oh! Também não deixaria ali ficar
Aquela praça que ostenta o canhão
Levaria as janelas do Seturce
É de lá que contemplo sem cessar
O lindo rio, e me perco num poema de emoção…
Levaria um pedacinho daquele cais
Verdadeiro camarote a permitir
Que se assista um espetáculo sem igual
De um rio que é dourado, prateado ou azul anil!
A Igreja da Corrente eu levaria, inteirinha
Sem deixar sequer um Altar
E a varanda da Aposentadoria, um complemento especial
Para um quadro de ilusão que eu fico a pintar.
Se um dia eu saísse de Penedo, levaria todo esse casario
E o transporte, sobre as águas, acenando p’ros rochedos
Singrando calma, a canoa deslizando sobre o rio…