Velório de Elza Soares se encerra no Rio ao som de ‘A Mulher do Fim do Mundo’

Cerca de 200 pessoas se reuniram às 10h desta sexta (21) no foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro para se despedir da cantora Elza Soares, morta aos 91 anos na quinta (20). O velório, em um primeiro momento restrito a familiares e amigos, seguiu aberto para as homenagens dos fãs da artista até às 14h.

No início da manhã, sete coroas de flores adornavam o espaço ao redor do caixão. Mais tarde, às 12h30, viam-se ali ainda uma escultura de São Jorge em seu cavalo, além de mais quatro coroas de flores —uma delas enviada por Zeca Pagodinho e outra, pelo Flamengo. Após uma bandeira do Clube de Regatas do Flamengo ser estendida sobre o seu corpo, o público puxou uma salva de palmas em honra à artista.

As coroas dividiam espaço com integrantes da velha guarda da Mocidade Independente de Padre Miguel, escola de coração da cantora. Elza desfilaria mais uma vez por ela este ano. Vice-presidente da escola de samba, Luiz Cláudio Ribeiro diz que, quando recebeu a notícia de que o enredo sobre Oxóssi, ela logo quis participar —sua mãe de santo era justamente Mãe Stella de Oxóssi. A cantora fecharia desfile, no último carro alegórico.

“Agora já estamos pensando de que forma, sem a presença física de Elza, fecharemos o desfile. Será uma grande homenagem”, diz ele, acrescentando que a história da escola de samba se confunde com a figura de Elza.

Enquanto isso, os fãs, todos de máscara, aguardavam a entrada no teatro em fila indiana, sob sol forte. Para evitar aglomerações, entravam um a um no teatro e logo cediam a vez para o próximo se despedir da cantora. Os portões do Municipal estavam abertos, permitindo a ventilação no local.

O prefeito Eduardo Paes (DEM), que anunciou nas redes sociais que decretaria luto de três dias na cidade pela “perda dessa grande carioca”, esteve no local pela manhã e destacou a relação da cantora com a cidade. “Todos nós estamos tristes, mas é dia de celebrar a vida dessa mulher, a força que nasce das periferias e da mulher negra”, disse.

Seu secretário de Cultura, Marcus Faustini, também passou por ali velório e destacou o exemplo deixado pela artista. “Elza Soares foi um exemplo do poder do canto brasileiro”, afirmou.

Segundo a assessoria de imprensa do Municipal, mais cedo, Vanessa Soares, neta mais velha de Elza, comentou o legado da avó, que teve oito filhos, oito netos e seis bisnetos. “Minha mãe deixa como legado mulheres fortes. Famílias de mulheres fortes.”

Também antes da abertura do velório da artista ao público, Pedro Loureiro, empresário da artista, lembrou que o último desejo de Elza, gravar um derradeiro DVD na carreira, foi cumprido, dias antes de morrer, nos dias 17 e 18 deste mês. “Ela estava muito bem de saúde e teve performances fantásticas”, disse.

Segundo Loureiro, Elza teve uma morte serena, e que pouco tempo antes da chegada da ambulância disse a ele: “estou indo embora”.

Muito emocionados, o casal de atores Lázaro Ramos e Taís Araújo estiveram presentes no fim do velório. “Difícil conseguir definir Elza em uma palavra. Ela era um exemplo no ativismo, na música para todas as gerações”, disse Ramos. “Elza preparou o terreno para nossa geração e para outras que virão. Não queríamos que ela tivesse tantas lutas”, afirmou Araújo.

Pouco antes do caixão ser levado ao caminhão do corpo de bombeiros, o elenco do musical “Elza”, que estreou há quatro anos, entoou “Dura na Queda” e “O Meu Guri”, composições de Chico Buarque que fizeram sucesso na voz da cantora. Por fim, o elenco cantou “A Mulher do Fim do Mundo”, do álbum homônimo, lançado em 2015.

O cortejo no corpo de bombeiros passará pela avenida Atlântica, em Copacabana, onde a cantora morou nos últimos anos.

Fonte: folha

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