Briga judicial com Neymar e saída de Messi: presidente do Barcelona escancara crise do clube

Ainda de ressaca pelo adeus de Lionel Messi, o Barcelona encarou seus demônios nesta segunda-feira. Em duas horas e meia de entrevista, o presidente Joan Laporta comentou sobre as polêmicas que o clube, antes acostumado com títulos de expressão, vem acumulando nos anos recentes. Entre os assuntos, a conturbada saída do craque argentino, a briga judicial com Neymar e a dramática situação financeira do time.

Laporta, que está há pouco mais de seis meses no comando do Barcelona, iniciou a entrevista respondendo uma carta do ex-presidente Josep Maria Bartomeu criticando a atual gestão. O atual mandatário negou um suposto “perdão financeiro” de 16,7 milhões de euros (R$ 103,3 milhões) a Neymar após briga judicial, afirmando se tratar de uma mentira.

Em julho, o Barcelona anunciou ter chegado a um acordo “amistoso” com o brasileiro na Justiça espanhola, por questões trabalhistas e civis, encerrando assim todos os quatro processos movidos entre as partes nas esferas judiciais. Na carta, Bartomeu afirma que, para isso ser possível, a atual gestão de Laporta teria perdoado o atacante, atualmente no Paris Saint-Germain, com um montante considerável.

“Tivemos três ações trabalhistas judiciais com Neymar. Há uma quarta ação judicial que quando Neymar pede a indenização, o Barça impõe uma ação cível no valor de 10,2 milhões de euros (R$ 63,1 milhões) e Neymar ganha a declinação. Esta ação tem de ir para a jurisdição do trabalho onde foi prescrito por falta de ação da direção de Bartomeu, pelo que estes 10,2 milhões de euros não puderam ser reclamados. Não perdoamos a Neymar os 16 milhões de euros”, disse.

Em seu revide, o atual presidente catalão classificou como “desastrosa” a política esportiva de Bartomeu. Mesmo vendendo Neymar ao Paris Saint-Germain por 222 milhões de euros (R$ 822 milhões na cotação da época), o clube se afundou em uma dívida financeira pela sequência de negociações milionárias que não deram retorno em campo. Ousmane Dembélépor 105 milhões de euros (cerca de R$ 388,9 milhões) Philippe Coutinhopor 160 milhões de euros (R$ 633 milhões mi) são alguns dos atletas que decepcionaram.


Video: Messi é ovacionado por torcedores do PSG ao chegar a Paris (KameraOne)

Messi é ovacionado por torcedores do PSG ao chegar a Paris

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“O sétimo ponto da carta refere-se ao fato de que os salários dispararam porque não puderam competir com os clubes rivais e com a Premier League (Campeonato Inglês)”, disse. “Isso desencadeia salários e amortizações. E aí estamos nós. A prova é que o esporte não nos fez bem. Eles tinham de mudar o modelo e acreditar em La Masia (local onde treinam as categorias de base)”, disse.

O caos financeiro do Barcelona, impulsionado pela pandemia, criou uma bola de neve que culminou na saída de Messi, mesmo sem o jogador querer deixar o clube. Sem conseguir renovar com o atleta, o craque argentino ficou livre no mercado e, mesmo diminuindo seu salário, o clube não conseguiu inscrever o meia por questões do fair play financeiro espanhol, que estipula um teto de gastos para os times da La Liga. Mesmo acertado com Memphis Depay, Sergio Agüero, Emerson Royal Eric Garcia, o capitão Gerard Piqué teve de diminuir seu salário para o Barcelona inscrever os reforços.

Laporta afirmou, ainda, que o Barcelona chegou a ter uma dívida de 1,3 bilhão de euros (R$ 8 bilhões) no início do ano e que pediu um empréstimo de 80 milhões de euros a um grande banco para poder arcar com a folha de pagamento do clube. O mandatário ressaltou que a política salarial que vinha sendo adotada no Barcelona levou à situação atual, indicando que os vencimentos hoje ocupam 103% do faturamento do clube. Portanto, o Barcelona gasta mais do que arrecada.

“Eles apresentaram um orçamento com hipóteses difíceis de cumprir. Várias delas não foram cumpridas. E, portanto, o orçamento deu menos de 320 milhões de euros para a temporada 2020-2021. Provoca uma situação econômica e patrimonial preocupante e situação financeira dramática. Em 21 de março de 2021, a dívida era de 1,35 bilhão de euros”, relatou.

“É uma pirâmide invertida, na qual os veteranos têm contratos longos e os jovens têm contratos curtos. E é difícil renegociar contratos. Essas reduções salariais que os gestores anteriores se vangloriaram, uma redução de 68 milhões de euros, na realidade não é redução porque a encontramos na forma de bônus de rescisão de contrato.” A volta do torcedor ao Camp Nou, novos acordos e menos gastos são os caminhos do Barcelona para melhorar sua situação com o elenco que tem. Claro, ganhar títulos ajuda também.

 

Estadão

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