Governadores anunciam apoio a congelamento salarial proposto por Bolsonaro, diz Renan Filho
Em conversa com o jornalista Carlos Madeiro, Renan Filho classificou de “rápida e tranquila” a reunião, que contou com a participação ainda de ministros e dos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, respectivamente. “O presidente queria saber se teria apoio ou não dos governadores, caso vetasse o aumento dos servidores. Por meio do interlocutor escolhido por nós, o governador Reinaldo Azambuja (Mato Grosso do Sul), comunicamos que decidimos, por maioria, que apoiaríamos a decisão”.
“Esse auxílio emergencial para estados e municípios é muito importante e ficou claro que é fundamental que o governo federal agilize o repasse dos recursos para os estados, já que alguns vivem momentos de muita dificuldade, inclusive para manter as contas em dia, para pagar salários, por isso reunião foi importante e esperamos que tenha consequências práticas rapidamente”, explicou o governador, frisando que, durante o encontro, temas polêmicos do momento, como isolamento social e uso de determinados medicamentos, não foram discutidos.
Capacidade máxima
Destacando a necessidade da busca de integração, que leve em consideração as diferenças regionais, Renan Filho voltou a chamar a atenção para o fato de que, em Alagoas, a rede privada de saúde já está com capacidade máxima de lotação. “Nossa rede privada é menor que a pública. Ao contrário do que acontece em São Paulo, por exemplo, não temos mais leitos para contratualizar nos hospitais privados. Há muito tempo só a rede pública está sustentando e já estamos com 71% de ocupação das UTIs novas”, alertou.
Sobre as mudanças no Ministério da Saúde (MS), Renan Filho pontuou que “nunca é bom trocar muito”, mas adiantou que, em conversa com o ministro interino, recebeu dele a sinalização da intensificação dos trabalhos, de uma maior aproximação da pasta com governadores e da aceleração da entrega de insumos e equipamentos: “Torço para que em meio a tantas dificuldades e trocas, que são ruins, o novo ministro dê a celeridade necessária para Brasil encontrar o caminho para vencer a crise”.
“O Brasil precisa de integração nacional, diálogo, para ter enfrentamento eficaz e possa salvar o maior número de vidas possível. Neste momento deve ser menos política e mais ação, mais pragmatismo e menos discussão ideológica… Precisamos primeiro vencer a questão sanitária para depois vencer os problemas econômicos”, completou.
Consórcio
Em relação ao Consórcio Nordeste, o governador voltou a dizer que nenhuma decisão é tomada sem ouvir a comunidade médica, pro meio do Comitê Científico criado para auxiliar os governadores nas decisões, todas pautadas “na ciência, na recomendações da OMS e do próprio MS”.
“Quando vamos construir um prédio, convidamos arquiteto e engenheiro, quando a gente vai enfrentar uma pandemia, obviamente temos que ouvir a ciência e a medicina. Quem abre mão disso está correndo grandes riscos do prédio cair e ver muitas pessoas morrerem, no caso da pandemia. É fundamental que o Brasil esteja conectado com o planeta”.
Renan Filho disse novamente que, em conversa com o ministro interino da Saúde, foi informado que os 30 respiradores prometidos pelo governo federal devem ser enviados a Alagoas ainda esta semana. “O ministro disse que estava enviando os respiradores baseado na taxa de ocupação e para estados com sistema de saúde próximo do colapso. Só dois do Nordeste não receberam, Alagoas e Piauí, que não entraram em colapso ainda a rede de saúde”.
Números
Perguntado sobre a alta rápida do número de infectados por Covi-19 em Alagoas, Renan Filho explicou que isso se deve ao aumento no número de testes e lembrou que há, em todo o planeta, uma grande subnotificação do número de pessoas contaminadas, em decorrência das dificuldades e limitações dos exames.
Ele voltou a destacar que Alagoas possuía 180 leitos adultos de UTI e que mais 207 foram abertos na pandemia, totalizando 387. “Conseguimos não entrar em colapso, mas a rede nova e antiga se aproxima da capacidade máxima, com 71%”, tornou a dizer.
Renan Filho reconheceu ainda que, entre os 207 novos leitos, há cerca de 15 com alguma dificuldade estrutural, a exemplo da falta de recursos humanos.
Fake News e isolamento
Por fim, questionado acerca da epidemia de Fake News, que ganhou força durante a crise, o governador disse que a pandemia criou também a “infodemia”, a rápida disseminação de informações falsas, o que tem atrapalhado demais o trabalho de gestores e da própria imprensa.
“O enfrentamento tem sido duro, mas vamos seguir adiante… Nesse momento, fique em casa, colabore com o isolamento. Todo mundo queria estar levando a vida normal, mas é fundamental que compreendam que ficar em casa dá condições do estado de atender melhor quem precisa. Quanto mais gente chegar ao mesmo tempo, mais difícil será para a rede hospitalar suportar”, concluiu.