Lula enfraquecido no Brasil e no mundo? Artigo da The Economist repercute entre políticos e analistas

A revista britânica The Economist publicou um artigo na edição que foi às bancas no final de semana em que analisa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) perdeu influência no cenário internacional, ao mesmo tempo em que vê sua popularidade cair no Brasil.
Em novembro de 2009, no penúltimo ano do governo Lula II, o mesmo semanário publicou uma capa com uma montagem do Cristo Redentor decolando, em uma sinalização do cenário do cenário promissor para a economia brasileira.
Durante a última eleição presidencial, a revista também avaliou que a reeleição de Jair Bolsonaro seria “ruim para o Brasil e para o mundo” e só Lula poderia prevenir que isso acontecesse.
Mas três anos depois, o otimismo com o petista já não é o mesmo. A publicação destaca a derrubada pelo Congresso Nacional do decreto que elevava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), movimento inédito nos últimos 30 anos e que sinaliza a fraqueza do presidente.
No cenário internacional, a The Economist aponta um Brasil isolado do Ocidente e enfraquecido mesmo entre seus aliados.
Governistas minimizam
Para o deputado Paulo Guedes (PT-MG), no entanto, a avaliação da revista não corresponde à realidade.
“Esta matéria é tendenciosa e defende os interesses econômicos de alguns setores aqui inclusive no Brasil. Porque o Lula quando viaja, ele traz dividendos importantes para o Brasil. Nas últimas viagens do presidente, foram anunciados mais de R$ 100 bilhões de investimentos aqui no país”, afirma.
Segundo o petista, o chefe do Executivo tem se posicionado de maneira “correta” em relação aos conflitos no mundo, ou seja, “contra as guerras, a favor da paz”.
Na mesma linha, o vice-líder do Governo no Congresso, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), avalia que, internamente, Lula se mantém como um líder popular, apesar do ambiente polarizado.
“Evidente que o presidente Lula continua sendo a liderança mais popular dos últimos tempos. Portanto, ele mantém a sua liderança reconhecida pelo povo brasileiro, mesmo vivendo num país mais dividido, mais polarizado. Mas suas ações, seus compromissos, são um grande divisor de águas neste momento”, pontua.
Oposição concorda com análise
Segundo o líder da Oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), o artigo da The Economist evidencia o “fracasso” do governo Lula e seu distanciamento do povo.
“Fracassou aqui dentro, onde a economia patina, o desemprego cresce disfarçado, a inflação corrói o poder de compra e a insegurança toma conta do país. E fracassou lá fora, onde o Brasil perdeu protagonismo, perdeu credibilidade e virou um espectador irrelevante nos grandes fóruns globais. Lula prometeu união e entrega a um governo marcado por perseguição política, aparelhamento do Estado e uma máquina de propaganda sustentada com dinheiro público. Um presidente que não governa, não propõe, não constrói”, critica.
Já o deputado Eros Biondini (MG), potencial candidato ao Senado pelo PL em 2026, a revista mostra que a imagem “terrivelmente negativa” do petista se amplia no mundo.
“Agressivo, inconveniente, sem lucidez, o Lula está virando motivo de vergonha e até de chacota internacional. E o pior é a imagem negativa dos países em relação ao Brasil. Vejo o nosso país em seu pior momento da história, tanto internamente quanto em relação à política internacional”, declarou.
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Futuro incerto?
No mercado financeiro, a avaliação é que a publicação britânica revela a percepção internacional sobre a política externa brasileira e os seus efeitos econômicos.
Segundo Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, a estratégia diplomática do governo gera dúvidas sobre o posicionamento geopolítico do Brasil, principalmente no equilíbrio entre parcerias comerciais e nos investimentos a longo prazo.
“Sem dúvida, isso acaba impactando o risco país, as expectativas de crescimento e, consequentemente, o comportamento de variáveis como câmbio e juros. O Brasil segue com fundamentos sólidos, mas ele precisa de maior coerência e uma certa previsibilidade para reforçar sua credibilidade no cenário global. Do ponto de vista técnico, os rumos do governo ainda carecem de uma certa coesão entre a retórica política e os instrumentos econômicos”, afirma.
Neste mesmo entendimento, Gustavo Assis, CEO da Asset Bank, avalia que a popularidade de Lula mais baixa “reduz o espaço político para reformas importantes”, enquanto a perda de protagonismo no cenário externo “pode limitar o acesso a investimentos e parcerias estratégicas em um ambiente global muito mais competitivo”.
“Ainda assim, enxergamos caminhos para reverter essa percepção. Com mais previsibilidade fiscal, eficiência na gestão de gastos e diálogo transparente com o mercado, o governo pode sim reconquistar a confiança e mostrar que está comprometido com a estabilidade de longo prazo”, pontua.
Para o economista Paulo Henrique Duarte, sócio da Valor Investimentos, no começo do governo, a queda da popularidade de Lula se deu em razão de um erro na comunicação das políticas públicas.
Entretanto, segundo ele, agora o principal responsável é a relação tensionada com o Congresso Nacional, que tende a se manter conflituosa com a proximidade das eleições
“Isso deve, sim, de certa forma, dificultar ainda mais a governabilidade e agora temos que ver o quanto que essas medidas mais recentes e até quanto que o governo vai avançar nas benevolências visando as eleições do ano que vem e com toda certeza isso vai ter um impacto muito grande na economia”, afirma.
Fonte MSN