CARNAVAL EM TODOS OS TEMPOS .
Por MILTON HÊNIO – médico e membro do Conselho Estratégico da Organização Arnon de Mello |
Chegamos ao Carnaval do ano de 2024. O Carnaval de hoje já não faz parte do meu programa de vida e, acredito, de muita gente na minha faixa de idade. Daí eu prestar a minha homenagem ao Pinto da Madrugada que completa 25 anos de atividades e que fez renascer nos velhos foliões do passado a alegria de momentos vividos com saudosas músicas carnavalescas. O Pinto veio mostrar a turma jovem como era o carnaval do passado. Foi um sucesso notável com milhares de pessoas enchendo a avenida. Meus parabéns aos meus caríssimos amigos Marcos Davi, aos irmãos Eduardo e Braga Lyra e a nossa saudade do inesquecível Marcial Lima, que tiveram a feliz idéia da criação desse bloco que hoje faz parte da vida carnavalesca de nossa cidade. É uma alegria para todos, de todas as idades, vê-lo passar com suas 15 bandas.
Os Carnavais dos anos 50 e 60, aqueles que vivi com entusiasmo numa Maceió em que todos se conheciam, eram carnavais em que se misturavam a alegria e o romantismo. Belos tempos, inesquecíveis tempos, romanescos e pitorescos, alegria pura sem drogas e bebedeiras. Havia lança perfume, que servia de início de namoro para muita gente, serpentinas, confetis, o corso animadíssimo passando pela Rua do Comércio e servindo de brincadeira pura, sem violência e sem drogas. E todo mundo brincava feliz, ricos e pobres, unidos pela música do frevo espalhados pelos quatro cantos do centro da cidade. A turma da minha idade aproveita esses dias para descansar e recordar. Tempo de recordações que faz bem ao espírito. As músicas daquele tempo tinham letras bonitas com toques sentimentais, românticos e poéticos. Vejamos algumas: “Eu bem sabia que esse amor um dia também tinha o seu fim, essa vida é mesmo assim” / “Quem sabe sabe, conhece bem, como é gostoso gostar de alguém.” Diferença imensa das letras de hoje, muitas sem sentido, vazias, pornográficas e até violentas.
Hoje é sábado de Carnaval. Muita gente vai estar de ressaca sem ter brincado ou bebido. É a ressaca da alma. Tristeza por um amor desfeito, um filho drogado, um débito contraído, um sonho não realizado. Enfim, uma frustação qualquer.
Lembre-se, meu caro leitor, de que depois do carnaval a vida vai continuar. Assim, viva de olhos bem abertos a tudo o que é belo ao seu redor e seja sempre feliz.
Fonte Gazeta de Alagoas