Bolsonaro acusa Aziz de corrupção; senador rebate e desafia o presidente

Presidente da CPI pediu resposta à carta sobre denúncia de prevaricação por suposto superfaturamento de vacina

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) acusou o presidente da CPI da pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM) de corrupção. A declaração foi dada nesta quinta (8.jun) a apoiadores na portaria do Palácio da Alvorada, como forma de defesa das denúncias de superfaturamento de 1000% no preço de doses do imunizante indiano Covaxin. A fórmula do laboratório indiano Bharat-Biontech ainda não foi aprovada pela Anvisa no Brasil, mas houve intenção de compra por parte do governo brasileiro.

“Como vai fazer uma sacanagem dessa? [superfaturamento]. Só na cabeça do cara que, no seu estado, desvia R$ 260 milhões , como o Omar Aziz desviou, é que pode falar isso aí. Só um cara que tem 17 inquéritos por corrupção no Supremo, como o Renan Calheiros, faz”, disse Bolsonaro, que também fez acusações ao senador que é relator da CPI.

O presidente ainda realizou um cálculo em que o superfaturamento resultaria em uma conta de R$ 300 bilhões, montante que, na avaliação dele, seria impossível de passar despercebido pelos órgãos fiscalizadores. “A CGU faz um pente fino na maioria dos contratos. E depois ainda tem o TCU”, completou.

Minutos após tomar conhecimento das declarações, Omar Aziz usou a sessão da CPI para rebater Bolsonaro. “Não sei onde ele viu isso [desvio de R$ 260 milhões]. Infelizmente, como ele se informa através de compadres e coisas pequenas, a gente releva. Presidente, eu o desafio a encontrar um processo que eu seja réu ou denunciado. Vossa excelência já mandou seus agentes vasculharem minha vida toda”, defendeu-se o senador.

Durante a resposta, Aziz ainda pediu para que Bolsonaro responda a uma carta enviada pela CPI, em relação à veracidade de informações relatadas pelo deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) que acusa o presidente de prevaricação, por não se posicionar sobre o suposto superfaturamento das vacinas Covaxin quando tomou conhecimento.

O imunizante teve como intermediário das negociações, com o laboratório indiano, o líder do governo na Câmara, deputado federal Ricardo Barros (PP-PR). A carta enviada pela CPI com o pedido de esclarecimentos deve ser protocolada no Palácio do Planalto nesta quinta (8.jun).

Eleições

Ainda na conversa com apoiadores, o presidente falou sobre a disputa pela Presidência em 2022. Segundo ele, as “eleições no ano que vem serão limpas”. “Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, afirmou sem explicar, contudo, o que considera “eleições limpas”.

Bolsonaro tem feito reiterados críticas ao sistema eleitoral brasileiro, defendendo a PEC do voto impresso, em tramitação na Câmara. Na 4ª feira (7.jul), em entrevista ao programa Boa Tarde Brasil, da Rádio Guaíba, o chefe do Executivo dirigiu os ataques ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso.

“Quando você vê o ministro Barroso ir ao parlamento brasileiro negociar com lideranças partidárias para que o voto impresso, ou auditável, que é a mesma coisa, não fosse votado na comissão especial, o que ele quer com isso, no meu entender? E vai ser comprovado nos próximos dias, vai ser comprovado da minha parte: fraude nas eleições”, disse.

Horas depois, sem citar Bolsonaro, o presidente do Supremo Tribunal Federal divulgou nota em que afirma que a “liberdade de expressão, assegurada pela Constituição a qualquer brasileiro, deve conviver com o respeito às instituições e à honra de seus integrantes, como decorrência imediata da harmonia e da independência entre os Poderes”.

sbtnews

.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo