Na CPI, governadores serão questionados sobre ações da PF; relembre

Nove governadores foram convocados para prestar depoimentos na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Para escolher os gestores que seriam ouvidos, o presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), disse ter considerado operações realizadas pela Polícia Federal para apurar desvios de verbas destinadas ao combate à pandemia.

Os depoimentos estão previstos para começar no fim de junho e seguirem até julho. Nas falas à CPI, os governadores devem ser arguidos, entre outras coisas, sobre as operações da PF. O primeiro a falar será o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), em 29 de junho. Nos dias seguintes estão previstos, respectivamente, os governadores do Pará, Helder Barbalho (MDB), e do Piauí, Wellington Dias (PT). Além dos nove gestores que estão no cargo atualmente, também foi convocado o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC).

A decisão de convocar líderes estaduais foi celebrada por governistas, que defendem investigação além do âmbito federal. Mas a oitiva dos gestores locais pode ser derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Isso porque os convocados — apoiados por outros governadores — recorreram à Suprema Corte para não ter que comparecer ao colegiado, sob o argumento de “violação aos preceitos fundamentais do pacto federativo e do princípio da separação dos Poderes”.

Enquanto o STF não se manifesta sobre o pedido, relembre abaixo as operações da PF nos estados, que devem ser o principal tema da fala dos governadores na comissão:

Wilson Lima (PSC) – Amazonas

Governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), abrirá os depoimentos de líderes estaduais em 29 de junho. A expectativa é de que ele receba perguntas sobre a crise sanitária da capital Manaus, em que, no início deste ano, dezenas de pessoas morreram por falta de oxigênio. O governador também foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de corrupção na compra de respiradores no estado. A estimativa é de que a irregularidade tenha desviado ao menos R$ 2 milhões dos cofres públicos.

Helder Barbalho (MDB) – Pará

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), fez defesa do chamado tratamento precoce — em que há consumo de medicamentos sem eficácia para covid-19. Um vídeo gravado por Barbalho com essa defesa chegou a ser compartilhado em redes sociais à época da formação da CPI. O governador também foi um alvo de operação da Polícia Federal em 2020, pela suspeita de fraudes na saúde do estado. Helder é filho do senador Jader Barbalho (MDB-PA), que é suplente da CPI.

Ibaneis Rocha (MDB) – Distrito Federal

Ibaneis Rocha (MDB), governador do Distrito Federal, deve prestar esclarecimentos sobre gastos públicos em ações no combate à pandemia. Ele é investigado no Ministério Público local em apuração de superfaturamento, fraudes e corrupção com recursos destinados ao tratamento do vírus. A operação policial do caso recebeu o nome Falso Negativo. Entre os gastos estão supostas fraudes em compra de testes. A estimativa de fraude nos cofres públicos é de R$ 18 milhões.

Mauro Carlesse (PSL) – Tocantins

Governador do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL), deve responder à CPI sobre a compra de máscaras de proteção por R$ 35, cada. A suspeita de superfaturamento é também investigada pela Polícia Federal do estado, na Operação Personale. A data para depoimento dele ainda não está marcada.

Carlos Moisés (PSL) – Santa Catarina

Carlos Moisés (PSL) foi absolvido em um processo de impeachment duas vezes no mesmo mandato. Uma em novembro de 2020, outra neste mês. Nos julgamentos, ele respondeu por crime de responsabilidade e desvios de recursos na pandemia, tendo que justificar a compra de 200 respiradores em alto preço para o estado. Sua vice-governadora, Daniela Reinehr (sem partido), também foi covocada para depor na comissão. Nas duas votações de impeachment ela ocupou a cadeira no governo de Santa Catarina.

Waldez Góes (PDT) – Amapá

O governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), foi diagnosticado com covid-19, segundo comunicado divulgado por ele no último domingo (16.mai). Durante a pandemia, o Amapá foi alvo de operações da Polícia Federal que investigaram uso de recursos públicos para combate à covid-19.

Wellington Dias (PT) – Piauí

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), assim como os demais, deverá prestar esclarecimentos sobre recursos destinados ao longo da pandemia. Ele é coordenador do Fórum de Governadores do Brasil. E, em entrevistas e rede social, demonstrou ter gostado da convocação para depor na Comissão. Ele é um dos que coordenou ações para importação da vacina russa Sputnik V. Em entrevista ao SBT, ele defendeu que o PT deve ter uma aliança com o MDB e outros partidos do Centrão para enfrentar Bolsonaro nas eleições de 2022.

Marcos Rocha (PSL) – Rondônia 

Marcos Rocha (PSL), governador de Rondônia, é apoiador declarado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O estado foi alvo, em julho de 2020, de uma ação da Polícia Federal para desarticular esquemas de fraudes e corrupção na compra de testes de covid-19. As investigações indicam que os testes não tinham registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O valor estimado do caso é de R$ 10,5 milhões. A apuração também avalia a conduta da Secretaria de Saúde do Estado.

Antônio Denarium (sem partido) – Roraima

Também apoiador do governo, Antônio Denarium (sem partido) é governador de Roraima e chegou a receber uma medalha por ter flexibilizado o isolamento social após um pedido do presidente. Ele foi investigado em duas operações que apuram a má implementação de recursos públicos para combate à pandemia.
Uma das investigações indica compra superfaturada de respiradores, além de um esquema criminoso na casa dos R$ 20 milhões.

sbtnews

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