Professora vítima de racismo diz que alunos a defenderam: “Eles foram educados contra isso”

Foi numa sala de aula com cerca de 50 anos que a professora de gramática e redação, Taynara Silva, ouviu da diretora do colégio que “quando os alunos, que estavam presentes em sala, fossem à Ouro Branco, trouxessem um chicote ‘do bom’ para fazer a professora lembrar do tempo que ela tanto teme”. Nesta quarta-feira (05), Taynara vai até a Delegacia prestar um boletim de ocorrência contra a diretora e garantiu que está recebendo apoio de vários órgãos e movimentos.

A professora trabalha no colégio Agnes que fica localizado no bairro do Trapiche da Barra, em Maceió, desde 2017. Em entrevista ao Cada Minuto, Silva explicou que estava em sala de aula quando a diretora entrou e disse que a culpa do filho dela ter batido o carro foi da docente. “Eu estava falando com o filho dela pelo whatsapp já que ele trabalha no administrativo e estava cobrando umas coisas, aí soube depois que quando ele parou de falar comigo, ele bateu o carro”, explicou.

Após a fala da diretora, uma aluna rebateu e disse que quem estava errado era o filho dela, e não a professora. Taynara contou que foi nesse momento que a diretora falou sobre o uso do chicote.

A professora disse que ficou sem reação e apenas cruzou os braços, mas que sabia que a turma iria rebater a diretora. “Eles foram educados contra isso. São alunos de 16 a 18 anos que fizeram um trabalho no ano passado sobre o racismo e sobre como só a educação pode ser eficaz contra ele. Eles sabem da minha luta enquanto professora”, comentou.

Ao ouvir o que a diretora disse, os alunos defenderam Taynara e se posicionaram contra a diretora dizendo que ela fez um comentário racista. Porém, a diretora alegou que seria um teste para saber se os alunos estavam entendendo sobre o tema. “Alguns alunos choraram, outros ficaram revoltados”, contou.

“Eu saí da sala chorando e ela veio conversar comigo dizendo que foi uma brincadeira. Tentou justificar dizendo que não era racista e que inclusive, tinha duas empregadas negras que ela tratava como se fosse parte da família”, afirmou a professora.

De acordo com Silva, a diretora também disse que não era racista porque contratou uma professora negra e não uma branca para ocupar o cargo. “Eu luto contra isso todos os dias, sabe? Combato o racismo e sabia que minha turma ia me defender. Sou professora e negra”, ressaltou.

A reportagem entrou em contato com o colégio e foi informada que a diretora estava em reunião e que não iria se posicionar sobre o caso. Um protesto dos alunos está marcado para acontecer ainda hoje na porta do colégio.

cadaminuto

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