Entidade entrega dossiê com irregularidades crônicas e históricas no HGE

Um vasto documento contendo inúmeras irregularidades históricas nas dependências do Hospital Geral do Estado (HGE) foi entregue pelo Conselho Estadual de Saúde (CES) a gestores da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), durante uma reunião ocorrida no auditório do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), na tarde desta quarta-feira (15).

O documento contempla problemas crônicos, frutos do descaso por parte da gestão do governo Renan Filho (MDB). Dentre as irregularidades, pacientes e servidores da unidade convivem diariamente com esgoto no meio dos corredores, falta de extintores de incêndio, geradores sem funcionar e ar-condicionados quebrados, comprometendo, ainda mais, o quadro de saúde de quem está interno no maior hospital do estado.

No entanto, após ser confrontado com as denúncias do Conselho Estadual de Saúde (CES), o Secretário Executivo de Ações de Saúde, Paulo Luiz Teixeira Cavalcante, minimizou o caso e reclamou da exigência: “Sempre quer a saúde da Suécia, esquecendo que estamos no Brasil”, disse o gestor na reunião.

O secretário apontou a lei 8.666/93, que guia as normas de licitações e contratos da administração pública, como culpada dos atrasos nos reparos, e que, por isso, partes da denúncia poderiam ser minimizadas. O secretário, contudo, disse que não se podia negar nada do que foi apresentado, e que seriam tomadas as medidas cabíveis.

“Não vou comprar aparelho de ar-condicionado na esquina. Não vou fazer contrato na esquina”, bradou Paulo. O CES/AL teve uma reunião com a Sesau, no dia 8 de janeiro deste ano, e saiu de lá com um relatório que, dentre outros pontos, afirmava que o conselho “não aceita nenhuma das justificativas apresentadas” pela secretaria.

Representantes do Conselho Estadual de Saúde reunidos nesta quarta-feira (15), no auditório do INSS

FOTO: LUAN OLIVEIRA

A conselheira Josileide da Silva, ao ler o relatório da visita realizada pelo CES, no dia 27 de dezembro do ano passado, destacou preocupação com o risco de incêndio no hospital. Foram constatados extintores vencidos desde 2018 e geradores que datam de 1977. Inclusive, durante as visitas na unidade, os técnicos do HGE afirmaram não ter o projeto elétrico do prédio.

“Aquele hospital do Rio de Janeiro pegou fogo justamente por causa de um gerador”, lembrou Josileide, em referência ao Hospital Badim, que foi consumido pelas chamas, em meados do ano passado, e deixou dezenas de mortos.

Também houve reclamações acerca da falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para o pessoal do hospital. A Sesau não comentou esse ponto e diversos outros no dia 08, alegando que não havia pessoas qualificadas a dar respostas sobre o assunto no momento.

A reunião se encerrou com uma promessa de a Sesau investir R$ 10 milhões no Hospital Geral do Estado, para a compra de insumos e obras estruturantes. O Corpo de Bombeiros Militar (CBM) se comprometeu a fazer um projeto elétrico do prédio, assim como um plano de evacuação e contenção de incêndio, que não existiam.

Por sua vez, a CES/AL demonstrou ceticismo com os resultados, e pediu para acompanhar a aplicação do dinheiro de forma a garantir a lisura do processo.

CONFIRA NOTA DO HGE

A Gerência do Hospital Geral do Estado (HGE) informa que não há desabastecimento de insumos ou medicamentos na unidade e que a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) atua diariamente para garantir a continuidade do abastecimento, assegurando que os atendimentos, que são, em média, 500 por dia, ocorram normalmente.

Vale ressaltar que, além de atender sua demanda específica, que são as vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), queimaduras, doenças coronarianas e vasculares, traumas, ortopédicas e pediátricas, ainda presta assistência a muitos usuários com doenças de clínica médica, que deveriam receber os cuidados em unidades de saúde do município de origem.

Para se ter ideia, somente no último mês de dezembro, cerca de 12.200 usuários receberam assistência no HGE e 70% deles procuraram a unidade em razão de casos clínicos. Pacientes que deveriam ser atendidos na Atenção Primária, cuja responsabilidade cabe aos municípios.

Sobre os geradores, esclarece que o HGE conta com projeto elétrico e cinco geradores ativos. Durante o período sem fornecimento de energia elétrica, os geradores alimentam os setores fechados da unidade e técnicos do Setor de Engenharia ficam de prontidão para atender qualquer necessidade.

Em relação ao funcionamento do tomógrafo, informa que o aparelho de tomografia da unidade hospitalar apresentou falhas há seis dias e que os pacientes não deixaram de ser assistidos, uma vez que estão sendo encaminhados para a realização do exame no Hospital Veredas, seguindo uma ordem de gravidade de risco à sua saúde. A previsão é que o equipamento volte a funcionar normalmente nesta sexta-feira (17).

Sobre a denúncia de que esgoto escorre abertamente pelos corredores, o hospital nega essa informação. E quanto ao funcionamento dos elevadores, informa que está realizando processo licitatório para a aquisição de novos equipamentos, que substituirão os existentes. Quando concluso o certame, o HGE contará com elevadores mais modernos e tecnológicos, que atenderão com eficiência à demanda diária.

gazetaweb

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