A Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) determinou, nesta sexta-feira (19), o afastamento temporário de dez servidores após a deflagração de uma operação da Polícia Federal que investiga um suposto esquema milionário de desvios de recursos públicos na área da Saúde.
A decisão ocorre após o Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) decretar o afastamento do então secretário Gustavo Pontes do exercício da função pública pelo período de 180 dias. Com isso, o secretário interino da pasta, Emanuel Victor, publicou no Diário Oficial do Estado o ato que estende a medida cautelar a outros dez servidores, também pelo prazo de seis meses. Até o momento, não há confirmação oficial de que todos os afastados tenham participação direta nas irregularidades investigadas.
Em nota, a Sesau informou que os afastamentos estão relacionados à Operação Estágio IV, deflagrada pela Polícia Federal na última terça-feira (16). Segundo a secretaria, a medida é preventiva e tem como objetivo assegurar que as investigações ocorram de forma isenta, técnica e sem qualquer tipo de interferência administrativa.
A pasta destacou ainda que foi instituída uma comissão especial, formada por representantes do Gabinete Civil, da Controladoria-Geral do Estado (CGE) e da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), que ficará responsável por fornecer informações aos órgãos de controle e investigação, garantindo o devido processo legal, o contraditório e a presunção de inocência dos envolvidos.
Entre os servidores afastados estão Luiz Dantas, assessor do gabinete da Saúde; Lucas Mateus Barros Monteiro, assessor técnico de Serviços de Engenharia e Arquitetura; Luciano André Costa de Almeida, assessor especial; além de Yuri Amaral Almeida, Reinaldo Fernandes Júnior, Henrique Pereira de Lima, Aline Félix Santiago Pereira, Neurivan Calado Barbosa, Franklin Pedrosa de Carvalho e Raul Pereira de Lima. Os cargos de parte deles não foram detalhados oficialmente.
A Operação Estágio IV apura a existência de um esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro em Alagoas, com indícios de favorecimento em contratos emergenciais firmados pela Sesau entre os anos de 2023 e 2025. De acordo com a Polícia Federal, duas empresas, uma do setor de material hospitalar e outra da construção civil, teriam sido beneficiadas, com pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos.
As investigações também apontam a aquisição de uma pousada no município de Porto de Pedras, em 2023, no valor de R$ 5,7 milhões, além de gastos com viagens internacionais e despesas pessoais incompatíveis com a renda declarada. Os contratos sob suspeita somam cerca de R$ 100 milhões, parte deles ainda em execução.
Há ainda indícios de desvios de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de ressarcimentos supostamente superfaturados de consultas e procedimentos médicos que não teriam sido realizados, com prejuízo estimado em mais de R$ 18 milhões.
Fonte 7 Segundos foto reprodução
