Uma vitória acachapante. O senador Sergio Moro escapou da cassação de mandato em julgamento realizado pelo Tribunal Superior Eleitoral na noite desta terça-feira. Com o placar de 7 a 0, o ex-juiz parcial da Lava Jato respira aliviado e pode agora exercer suas atividades com a tranquilidade que a Justiça lhe garantiu. Os juízes rejeitaram a ação movida pelo PT e PL, que acusavam Moro de caixa dois e abuso de poder econômico.
Foi um triunfo da política. No último dia 17 escrevi aqui um texto sobre uma mudança nos ventos que sopram no Poder Judiciário. Falei que Moro estava otimista quanto ao desfecho do caso. Deu a lógica. Era o que todo mundo e a torcida do Flamengo diziam que iria acontecer. Até um dia desses, o panorama indicava o contrário. Parecia que o TSE daria ao senador o mesmo destino que deu ao delinquente Deltan Dallagnol.
Ocorre que os dias foram passando. E entre um caso e outro, muita coisa aconteceu. Nas últimas semanas, o ministro Alexandre de Moraes tomou umas três ou quatro decisões que agradaram em duas frentes – aliviou para o campo conservador e para o Congresso Nacional. Os movimentos do Xandão foram vistos como acenos de “pacificação”, o que era uma expectativa nos comandos da Câmara dos Deputados e do Senado.
O clima de atrito entre Legislativo e Supremo Tribunal Federal chegara a tal nível, que parlamentares votaram medidas para limitar poderes dos ministros da corte. Os mais raivosos defendiam votar emenda à Constituição para alterar a forma de escolha para o STF. Uma das ideias era estabelecer mandato de dez anos no tribunal. Sem contar os pedidos de impeachment contra Gilmar Mendes e o próprio Moraes.
Da parte do Congresso, o maior articulador por uma pacificação foi o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Lembrando que ele mesmo bateu forte no STF após decisões como no caso da desoneração para 17 setores da economia. Falou-se em avanço do Judiciário sobre prerrogativas exclusivas do parlamento. Uma crise que não interessa às partes. Ao tirar a corda do pescoço de Moro, o TSE restaura de vez a cordialidade.
Sergio Moro foi esperto, paciente e habilidoso. Lá em dezembro do ano passado, ele fez questão de se derreter publicamente para Flávio Dino, durante a sabatina com o então candidato a uma cadeira no STF. Há poucos dias, num movimento surpreendente, procurou Gilmar Mendes, seu crítico mais feroz. Com uma conversa aqui e outra ali, e com a inflexão no ambiente mais geral, Moro escapa da várzea e fica no paraíso.
Fonte cadaminuto