A declaração do presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, Marcelo Victor (MDB), defendendo a candidatura do atual ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), ao governo do Estado de Alagoas repercutiu na imprensa. Óbvio, Marcelo Victor não dá ponto sem nó. Afinal, o fisiológico construtor de realidades com base nas oportunidades já sabia que tal afirmação não passaria batida.
Marcelo Victor sabe desprezar os holofotes midiáticos, sendo um político de silencioso, de poucas entrevistas, mas farta atuação nos bastidores. Porém, sabe ser cirúrgico quando quer, seja com tiradas irônicas ou com frases de efeito.
Independente da opinião que se tenha de Marcelo Victor, há um fato: é um político que sabe atuar nos bastidores e joga o xadrez sempre buscando antecipar as jogadas para consolidar-se nos espaços de poder, com uma lábia e pretensões que fariam inveja as cantantes da Odisseia que levaram Ulisses a se amarrar ao navio para não ser tragado.
Não por acaso, foi um dos mentores da criação da candidatura de Paulo Dantas (ex-deputado estadual) para o governo de Alagoas. Marcelo Victor foi um dos responsáveis por fazer dele o governador-tampão e, na sequência, aproveitando os interesses difusos que convergiam, consolidar Dantas como governador por meio da eleição indireta. Não por acaso, tem a sua influência no atual Executivo.
Destaco também, na vitória expressiva de Dantas, a contribuição significativa de seus adversários, que se demonstraram tão pífios quanto tinham a capacidade de ser.
Porém, quando Marcelo Victor lança Renan Filho como futuro candidato ao governo, sem nem saber se é o que o ministro dos Transportes deseja, é de se indagar qual seria o futuro de Paulo Dantas após cumprir a missão para a qual foi escalado com tanta antecedência (na época) e investimentos de esforços políticos.
No Executivo, Paulo Dantas não pode ser candidato à reeleição por já ter ocupado o posto duas vezes (a primeira como tampão). É difícil imaginar que o MDB do enxadrista-mor Renan Calheiros (MDB), o “arauto-balauarte” da democracia moderna desse país, deixe o governo nas mãos do vice-governador Ronaldo Lessa (PDT) com a possibilidade de ele fazer um grupo político paralelo lá dentro, haja vistas que Lessa já rompeu com o MDB e retomou a aliança algumas vezes…
Se sair do governo para ser candidato, Dantas dificilmente teria espaço no MDB para disputar o Senado Federal. Renan Calheiros – que vai para a reeleição – provavelmente não iria querer o atual governador como “copiloto” de chapa, uma vez que nas duas últimas eleições Calheiros se especializou em ser o segundo lugar numa disputa por duas vagas.
Se sair do governo para ser candidato, Dantas dificilmente teria espaço no MDB para disputar o Senado Federal. Renan Calheiros – que vai para a reeleição – provavelmente não iria querer o atual governador como “copiloto” de chapa, uma vez que nas duas últimas eleições Calheiros se especializou em ser o segundo lugar numa disputa por duas vagas.
Se sair do governo para ser candidato a deputado federal, diante da exposição que teve e a depender de como conclua seu Executivo, Dantas poderia ser um excelente puxador de votos para o MDB fazer bancada, mas – nesse caso – Lessa assumiria o governo. Será que dá para combinar com Lessa?
Enfim, como colocou o jornalista Voney Malta, há formas – evidentemente – de compensar politicamente Paulo Dantas diante da missão assumida, mas eis que o governador de Alagoas pode ter sido, de fato, o primeiro tampão diretamente eleito ou, caso prefiram, um “governador de passagem” na estratégia hegemônica emedebista, onde tudo cresce debaixo da mesma sombra…
Fonte cadaminuto C/ Lula Villar