O esporte se alimenta de emoções e também de estatísticas. Essa é a combinação perfeita. Pois o brasileiro Thiago Wild, número 172 do ranking, fez história em Roland Garros ao vencer o número dois do mundo, o russo Daniil Medvedev, na primeira rodada do torneio em Paris.
Desde 2004 um brasileiro não vencia um dos cinco primeiros colocados na lista da ATP, a Associação de Tenistas Profissionais. Naquele ano, o catarinense Gustavo Kuerten venceu Roger Federer, talvez o melhor tenista da história, nas oitavas de final. Guga já começava a enfrentar o declínio pelas lesões.
O enredo de hoje só fica melhor pelo fato de que Wild, bem distante das primeiras posições, precisou passar pelo torneio qualificatório para ter o direito de disputar a primeira rodada do torneio na quadra Philippe Chatrier. Jogou, venceu três partidas e foi para a chave principal. E na manhã desta terça-feira 30 ganhou então de Medvedev.
Por que Wild venceu Medvedev
O placar reflete a emoção da partida. Foram cinco sets disputados, parciais de 7/6, 6/7, 2/6, 6/3 e 6/4. O brasileiro de 23 anos chegou a ter dois set points no segundo set, o que lhe daria uma bela vantagem no jogo. Perdeu os pontos, perdeu o set. O terceiro set foi vencido facilmente pelo russo. E parecia que a lógica prevaleceria.
Mas Wild conseguiu se concentrar e venceu os dois sets seguintes até com certa facilidade, irritando bastante o adversário. Djokovic certa vez disse que o tênis é um jogo mental. Um bom atleta, com as condições favoráveis, é capaz de executar forehands, saques e voleios com força e precisão.
A diferença é ter o controle mental necessário para vencer a pressão e saber o momento certo de atacar o adversário e de controlar a bola. E nisso o novato brasileiro se saiu melhor do que o experiente russo.