As principais entidades que representam caminhoneiros autônomos do país estão fazendo articulações para mobilizar a categoria em torno de uma pauta comum, com temas que afetam diretamente o preço do frete. O principal é o valor dos combustíveis que têm recebido reajustes constantes- desde o início do ano o óleo diesel subiu 28%, segundo o IPCA.
A Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), a Confederação Nacional de Trabalhadores de Transporte e Logística (CNTTL), a Associação Nacional de Transportes do Brasil (ANTB) e o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Carga (CNTRC) marcaram uma reunião no dia 16 de outubro para articular uma possível paralisação das rodovias em todo Brasil. As lideranças do setor dizem que o descontentamento da categoria subiu muito nesta terça-feira, depois que a Petrobras anunciou um novo reajuste de 8,89% no preço do diesel. “Por enquanto, sentimos que o movimento está pulverizado, mas se os pessoal do trecho demandar, a gente vai apoiar. Greve é nossa última opção”, diz Plínio Dias, presidente do CNTRC.
O presidente do Sindtanque de Minas Gerais, sindicato que representa os transportadores de combustíveis declarou em entrevista a VEJA que poderiam ocorrer manifestações a qualquer momento. As lideranças, no entanto, consideram esse movimento ainda pontual
Entre as reivindicações está a aplicação do preço mínimo do frete, aposentadoria especial e o fim da política de Preço de Paridade de Importação, implantada em 2016 pela Petrobras, que equipara o valor dos combustíveis em território nacional ao praticado no mercado externo. No lugar, os caminhoneiros querem que seja praticado o Preço de Paridade de Exportação, que, segundo as lideranças, seria capaz de reduzir em até 15% o custo do litro do óleo diesel nas bombas. O caminhoneiros se queixam que, atualmente, cerca de 75% do frete vira fumaça nas estradas.
“Quem tem condições de mudar isso é o presidente da República”, diz José Roberto Stringasci, presidente da ANTB. Nas duas últimas semanas, Jair Bolsonaro fez declarações públicas empurrando a responsabilidade pela alta para o colo dos governadores, sugerindo que eles deveriam diminuir a alíquota do ICMS para baratear o preço nos postos. “O ICMS pode baixar, mas se não mudar a política, em pouco tempo, voltaremos para o mesmo patamar que estamos hoje por causa da valorização do dólar”, critica Stringasci.
Apesar da coordenação das lideranças, há muita descentralização no setor. Parte da categoria, ligada ao agronegócio, apoia o governo Bolsonaro e mantém negociações, principalmente com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. A pauta propondo alterações na composição do preço dos combustíveis já chegou às mãos do presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, mas ele garantiu, na última segunda-feira, que a atual política será mantida. A declaração acalmou o mercado financeiro e fez as ações da companhia se valorizarem na bolsa de valores.
Fonte: istoé