Gestão Renan Filho privilegia gastos com gabinete e esquece área social

Na propaganda oficial, o governador Renan Filho (MDB), em suas declarações, prega um estado próspero, que está no caminho certo e que tem superado os problemas do “passado”. Na prática, a gestão que imprime é bem diferente da realidade que tenta mostrar aos alagoanos. Um dos caminhos para qualquer cidadão perceber a atual administração é o Portal da Transparência. E é nesta página na internet que as prioridades da administração se revelam distante da área social.

Se tomada como base a composição do quadro de pessoal da gestão, que atua na base nas secretarias à disposição dos gestores, por exemplo, o governo Renan Filho mostra a que veio. Enquanto que, na Secretaria Estadual da Educação, há 38 servidores em atividades, nesta área considerada fundamental ao desenvolvimento econômico e social de Alagoas e, principalmente de seu povo, no Gabinete do Governador, são 117 servidores à disposição do chefe do Executivo. Estes números envolvem também os chamados cargos comissionados. Os dados se referem ao ano de 2019.

E os valores consumidos para pagar esse pessoal que serve ao governador reforçam ainda mais as disparidades. Na Educação, os gastos liquidados no ano passado com esse pessoal foram de R$ 821.746,74. No gabinete de Renan Filho, a conta fechou em R$ 3.685.246,59, uma quantia de mais de 400% superior ao da pasta comandada pelo vice-governador e secretário da Educação, Luciano Barbosa.

Aliás, o gabinete do vice-governador dispõe de um funcionário a mais que a Secretaria de Educação, 39 servidores, porém, também, com gasto superior: R$ 906.545,74. Quando a comparação é feita em relação à Secretaria de Estado da Assistência e Desenvolvimento Social, tanto o valor liquidado em 2019 quanto a quantidade de servidores nos gabinetes do governador e do vice são superiores. A pasta responsável por manter atenção aos alagoanos mais pobres contou em 2019 com 51 servidores, ao custo de R$ 629.779,03.

Entre todas as 19 secretarias da gestão Renan Filho – sem levar em conta órgãos como os Gabinetes Civil e Militar, a Procuradoria-geral do Estado, entre outros, os gastos com servidores no Gabinete do Governador são menores apenas que os da Secretaria de Estado do Planejamento e Gestão, que somam R$ 6.933.886,90, mas com um número quase seis vezes maior de servidores: 765.

Outra demonstração de que a gestão Renan Filho está alheia à área social da população é o plano com 21 propostas de governo, que ele apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ainda enquanto candidato à sua primeira eleição ao governo, quando saiu vitorioso, em 2014.

Embora não haja obrigação na Lei Eleitoral ao cumprimento das medidas, cabendo a decisão final ao eleitor, o governador registrou à época, no tribunal, que iria criar o programa “Bolsa Família Estadual”; ampliar o programa de Restaurante Popular; implantar o Programa de Habitação do Servidor Público, para civis e militares; entre outras ações.

Encerrou o primeiro mandato com o cumprimento de apenas nove metas, entre as 21 apresentadas, nenhuma delas na área social, segundo levantamento feito pelo portal G1 Alagoas, na ocasião da campanha à reeleição de Renan Filho.

Outra proposta na área social, mas voltada às mulheres, constante na página 59 do programa de governo, assegurava a implementação do “Plano Estadual de Políticas para as Mulheres”.

Já em seu segundo ano de mandato, após ter sido reeleito em 2018, o governo Renan Filho chegou a anunciar, em 30 de outubro do ano passado, conforme publicação da Agência Alagoas, órgão oficial de notícia do governo, que a medida seria lançada em dezembro de 2019. A intenção, por enquanto, permanece apenas no papel.

GazetaWeb

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