Eleição municipal em 2020, polarização e redes sociais. Esses são alguns dos temas tratados pelo Cada Minuto que ouviu a cientista política, Luciana Santana, na entrevista deste sábado.

Na avaliação de Luciana, a eleição deste ano (com alguns nomes que já estão surgindo) deverá ser mais “animada” e competitiva.

1)    Sem a coligação (para eleições proporcionais) entre os partidos, muitos candidatos com potencial podem ficar de fora nas eleições?

Sem coligação para a eleição proporcional os candidatos mais fortes, munidos de mais recursos (financeiro, informacional, boa relação com sua base eleitoral ou dispostos a conquistar novos eleitores) terão mais chances de serem eleitos. Ficarão de fora aqueles que dependiam muito de aliança para obter uma cadeira.

2)    Como você avalia a eleição municipal em Alagoas para 2020?

Toda eleição municipal gera expectativa, especialmente em anos nos quais o chefe do executivo não concorre à reeleição porque observamos: 1) a capacidade do atual prefeito (a) em ser bem sucedido na sua sucessão; 2) a capacidade de novos candidatos de serem bem sucedidos na disputa e promover renovação partidária ou de grupos instalados no poder; 3) o “peso” dos apoiadores (deputados, senadores, governadores, etc…) sobre os candidatos. Em Alagoas temos situações diversas e com as novas regras eleitorais para este ano, espera-se uma eleição mais “animada” e competitiva.

3)    As redes sociais permitem que as pessoas expressem seus comentários e muitas vezes incentivem os ataques de ódio. Você acredita que para essas eleições municipais o cenário irá mudar?

A influência das redes sociais é algo certo na eleição deste ano, para o bem e para o mal. Difícil é dizer antecipadamente como e o quanto as redes sociais influenciarão. Há uma tendência maior em influenciar disputas em municípios maiores e nas capitais. Em municípios pequenos as redes sociais pessoais ainda tem um peso considerável por causa da grande proximidade do eleitor e os candidatos.

4)    Sobre a polarização que estamos vendo no país. Na sua opinião, esse cenário pode mudar ou vai agravar ainda mais?

Temos uma polarização política no país, mas também temos o surgimento de novos movimentos de caráter suprapartidário, temos outros candidatos se movendo fora da polarização. Essa conjuntura política atual estará presente nas eleições em maior ou maior grau a depender do município. As capitais e municípios de grande porte, geralmente, absorvem mais a “temperatura” na conjuntura nacional. Em muitos outros municípios há uma dinâmica própria da disputa mirando em problemas locais ou regionais. Será uma eleição muito interessante de ser acompanhada.

5)    Vemos alguns nomes de pré-candidatos e percebemos um crescimento. Isso é algo positivo ou acirra ainda mais e torna um ambiente “perigoso?”

A competição política acirrada não significa, necessariamente que será “tumultuada” ou gerar um ambiente “perigoso”.  A competição pode ser saudável com dois ou muitos candidatos na disputa. Depende das estratégias eleitorais escolhidas e do “tom” que utilizarão ao longo da campanha.  Na eleição deste ano espera-se que tenhamos muitos candidatos nas disputas para as prefeituras, pois mesmo que alguns tenham poucas chances de serem eleitos, os candidatos poderão dar visibilidade a candidatos do partido na disputa para a câmara Municipal.